A.O.D
terça-feira, 27 de setembro de 2011
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que sogue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo : “Fui eu ?”
Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando Pessoa
A.O.D
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Dois Gumes
Uns e Outros
Posso fingir,
Posso fugir,
Posso voltar até o início.
Posso insistir ou desistir,
Contando os passos pro precipício.
Às vezes, o que é lindo aos olhos
Pode ser podre ao coração.
Sentado no canto da sala,
Bebendo em goles a solidão.
Posso fugir,
Posso voltar até o início.
Posso insistir ou desistir,
Contando os passos pro precipício.
Às vezes, o que é lindo aos olhos
Pode ser podre ao coração.
Sentado no canto da sala,
Bebendo em goles a solidão.
Hoje eu passei por tanta gente,
Mas mesmo assim estou deserto,
Vagando em torno de mim mesmo,
Entre o irreal e o concreto.
Eu vejo um vulto em outro quarto
Que poderia ser o meu,
Preso em arames tão farpados
Que o próprio tempo me envolveu.
Mas mesmo assim estou deserto,
Vagando em torno de mim mesmo,
Entre o irreal e o concreto.
Eu vejo um vulto em outro quarto
Que poderia ser o meu,
Preso em arames tão farpados
Que o próprio tempo me envolveu.
A.V.O.A
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